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Meu bebê tem alergia a proteína do leite de vaca, e agora?

Atualizado: 1 de ago. de 2022



A alergia alimentar é definida como uma doença consequente a uma resposta imunológica exagerada, que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinado(s) alimento(s). Atualmente é considerada um problema de saúde pública, pois a sua prevalência tem aumentado no mundo todo. É um capítulo à parte entre as reações adversas a alimentos, e de acordo com os mecanismos envolvidos, essas reações podem ser imunológicas ou não-imunológicas. Em geral, a alergia alimentar inicia precocemente na vida, mais comumente nos primeiros meses de vida, com manifestações clínicas variadas na dependência do mecanismo imunológico envolvido.


Qual a diferença entre alergia e intolerância alimentar?

A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite. Já a Intolerância à lactose (IL) é reflexo da má digestão da lactose, que é comumente chamado de açúcar do leite.

Alguns sintomas, como cólica, dor abdominal, diarreia e constipação são comuns às duas condições, mas é importante lembrar que a APLV ocorre, tipicamente, na infância, especialmente nos primeiros meses de vida, e que a IL é mais comum em crianças maiores e adultos.

A IL tem muitas causas. A mais comum é o que chamamos de hipolactasia primária do adulto e, nesse caso, a produção da enzima que faz a digestão da lactose (a lactase) vai diminuindo progressivamente com a idade e os sintomas da IL aparecem quando a lactose não é digerida e é fermentada pelas bactérias intestinais. Outra causa da IL é a hipolactasia secundária, ou seja, quando a produção da lactase é comprometida por conta de uma doença inflamatória intestinal, por uso de medicações, como antibióticos, ou por uma doença infecciosa aguda e, nesses casos, a IL é temporária e reversível.

Enquanto na APLV a manifestação não depende da dose, na IL, é a quantidade de lactose consumida que determina o aparecimento e a intensidade dos sintomas, sendo assim, o tratamento da IL é sempre individualizado, devendo-se ajustar a oferta à tolerância de cada paciente.


É importante destacar que a expressão “alergia à lactose” é errada porque, como dito acima, a alergia é uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite e não à lactose (que é o açúcar do leite). Os produtos ditos “zero lactose” não podem ser consumidos pelos portadores de APLV porque, apesar de não terem lactose na composição, ainda contêm proteína do leite.

Para saber se o consumo de qualquer produto industrializado é seguro, sempre cheque o rótulo.


O que é Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV)?

A APLV é uma reação do sistema imunológico contra às proteínas encontradas no leite de vaca, principalmente à caseína, à beta-lactoglobulina e à alfa-lactoalbumina, sendo diagnosticada mais comumente diagnosticado em bebês nos primeiros meses de vida. O diagnóstico é feito principalmente pelo médico gastroenterologista pediátrico, através da história clínica e do exame físico.


Muitos pais questionam sobre a existência de exames para o melhor diagnóstico da alergia alimentar. Há exames disponíveis, mas são apenas para casos selecionados. Exames negativos não afastam o diagnóstico de alergia alimentar, assim como exames positivos não necessariamente significam que o paciente tem alergia alimentar.

Como ocorre no organismo da criança

As proteínas do leite de vaca são vistas pelo sistema imunológico, ainda imaturo, como um agressor e, assim, aumentando a produção de células de defesa e desencadeando uma série de sintomas, sintomas esses que podem ser predominantemente de tubo digestivo, como diarreia, ou sistêmicos, como choque anafilático. Mas também podem aparecer sintomas respiratórios e de pele associados.

Sintomas de alergia à proteína do leite de vaca

As reações imunológicas frente às proteínas do leite de vaca podem se dar através de 3 maneiras:

  • IgE mediada: sintomas mais rápidos, que surgem em minutos até duas horas após o contato e ou ingesta do alimento. Nesse caso, são sintomas mais intensos e importantes como urticária, broncoespasmo e, nos casos mais extremos choque anafilático.

  • Não IgE mediada: os sintomas ocorrem algumas horas ou ate 2-3 dias após a ingestão do alimento. Aqui é que normalmente os sintomas de tubo digestivo estão mais aparentes: diarreia, sangue nas fezes, refluxo, cólicas, irritabilidade.

  • Mecanismo misto: podem surgir reações imediatas e tardias, como dermatite atópica, esofagite eosinofílica, baixo ganho de peso e crescimento.


O que faz aumentar a possibilidade de alergia alimentar?

A menor exposição a infecções na primeira infância estaria associada ao aumento do risco de desenvolver alergia. Isso porque a constituição e o tipo de microorganismos aos quais a mãe e o bebê são expostos poderia alterar o risco de desenvolver alergias.


Assim, o “excesso de higiene” poderia, segundo essa ”teoria da higiene”, prejudicar a imunidade da criança e torná-la mais propensa a desenvolver alergias alimentares. Para os pais, essa possibilidade é surpreendente, já que estamos sempre preocupados em manter nossos filhos nas melhores condições de higiene possíveis.


Mas não é apenas isso. Há outros fatores que podem aumentar a chance de desenvolvimento de alergia, seja ela alimentar, cutânea e/ou respiratória.


  • Parto cesárea

  • Contato precoce com fórmula logo após o nascimento

  • Pouco tempo de aleitamento materno exclusivo

  • Excesso de poluição

  • Famílias cada vez menores

  • Alimentação mais industrializada

  • Pais ou irmão mais velhos alérgicos

Mas até hoje não há um único motivo que explique o aparecimento, e o aumento nos últimos anos, das alergias em geral. Sabemos que cada indivíduo tem sua genética e sua predisposição, além da influência do meio onde vive.


Dieta para os casos de alergia à proteína do leite de vaca


O único tratamento para APLV é a dieta de restrição de leite e derivados.

Para o bebê que está em aleitamento materno exclusivo, a dieta de restrição é feita pela mãe. A mãe pode e deve continuar a amamentar seu filho, porém é necessária uma dieta especial, acompanhada por um profissional capacitado e por um nutricionista. A dieta deve ser baseada na exclusão de leite e derivados para que o tratamento seja efetivo.

Nesses casos, é muito importante a leitura do rótulo dos alimentos que são consumidos pela mãe e também pela família.


Naqueles bebês que estão em uso de formula infantil, há formulas especiais para tratamento da APLV. Há várias fórmulas disponíveis, mas cada fórmula tem sua indicação específica conforme idade e sintomas do paciente.


Segue abaixo uma lista do que pode e não pode ser consumido na dieta de restrição para APLV:


Alimentos e ingredientes que CONTÊM LEITE DE VACA – NÃO CONSUMIR

Leite de vaca (todos os tipos)

Soro do leite, sólidos do leite

Lactoalbumina, lactoglobulina

​Leite e queijo de cabra, ovelha e búfala

Soro: isento de lactose, de concentrado de proteínas, desmineralizado

​Fosfato de lactoalbumina

​Queijos, todos os tipos

​Proteína do leite hidrolisada ou parcialmente hidrolisada

Lactoferrina

​Requeijão, cream cheese, cottage

Proteína do soro

Whey protein

​Proteína láctea do soro do leite microparticulado (substituto de gordura)

Nata, coalho, creme azedo

Caseína

Lactose, lactulose, lactulona

​Molho branco

​Estabilizantes

Caseinato de sódio

Gordura anidra de leite

​Coalhada, iogurte

​Fermento lácteo

​Gordura de manteiga, óleo de manteiga, éster de manteiga

Petit suisse, leite fermentado

Cultura inicial de ácido láctico fermentados em leite ou soro do leite

Diacetil (normalmente usado em cerveja e pipoca amanteigada)

​Bebida láctea

Ghee (manteiga clarificada)

Margarina com leite

​Doce de leite, cremes doces

Pudim

Leite condensado

Aditivos que podem conter traços de leite:

- Corante, aroma ou sabor natural de: manteiga, margarina, leite, queijo, caramelo, creme de coco, creme de baunilha, iogurte, doce de leite e outros derivados de leite.


Observação: não necessariamente esses aditivos possuem as proteínas do leite, pois depende do fabricante. Quando o alimento ou medicamento tiver um desses ingredientes, entrar em contato com o SAC do fabricante.


Ingredientes que NÃO CONTÊM as proteínas do leite – PODEM SER CONSUMIDOS

​Ácido lático

Lactato de sódio e de cálcio

Manteiga de côco

Conservador propionato de cálcio

​Estearoil lactil lactato de cálcio ou de sódio

​Manteiga de cacau

​Gordura vegetal hidrogenada

​Cremor tártaro

​Bebidas vegetais


A dieta de restrição deverá ter acompanhamento individual e deve ser prescrita analisando a história e os sintomas de cada paciente. Seguindo uma dieta adequada e sem escapes, é possível que a criança fique curada ainda na primeira infância.

O bebê manifestou alergia? Procure o médico

Ainda que existam diversas hipóteses para explicar o aumento das alergias alimentares, as causas são indefinidas. Por isso, antes de fazer qualquer mudança radical na dieta ou estilo de vida do seu filho, é preciso conversar com o pediatra.


Nunca faça dieta de restrição por conta própria, ainda mais dieta de restrição a múltiplos alimentos.


Além disso, alergias alimentares podem apresentar diversos sintomas e variar bastante em relação à sua gravidade. Sobretudo, elas podem ser controladas e têm cura! Portanto, se você desconfia que a criança esteja com alergia alimentar, observe-a e a leve no médico para um diagnóstico adequado.


Dra. Lúcia Cristina Müller - Gastroenterologista pediátrica

Agende uma consulta e tire as suas dúvidas: Fixo (51) 3372-3578 WhatsApp (51) 99599-0777


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